
Interrompo, momentaneamente, a série de posts sobre temperos para falar sobre um evento do qual participei ontem a noite (22/10), na Cachaçaria Água Doce, em Porto Alegre. O "Cachaça com Chorinho", apresentado e roteirizado por Mauro Zamperetti. Mauro trabalha para que a cachaça de alambique do Rio Grande do Sul seja reconhecida como um produto de qualidade, em nível nacional e internacional.
Para tanto, o evento contou com uma breve apresentação da história da cachaça (que nasceu poucas décadas após o início da colonização portuguesa, nos engenhos de cana de açúcar), seu processo de fabricação e as diferenças entre a produção industrial, e a apresentação de um roteiro de degustação de diferentes tipos de cachaça. Tudo isso permeado com a apresentação de obras chorinhos tradicionais brasileiros (que como a cachaça, é 100% brasileiro), executados por uma competentíssima dupla formada por um violinista e um violoncelista.
O "Cachaça com Chorinho" tem, em sua parte final, a degustação, propriamente dita, de quatro tipos de cachaça. Dois deles na versão jovem da bebida (a chamada cachaça branca, apenas repousada) e outros dois na versão envelhecida (que devem permanecer por, pelo menos, um ano em barris de madeira nobre). Com a ajuda de um roteiro muito bem estruturado, tivemos, então, a oportunidade de perceber, de forma clara e distinta, as diferenças entre todas elas. Entre as cachaças jovens, a diferença da bebida de alambique para a industrial é abissal. Entre as envelhecidas, minha preferência ficou mesmo pela envelhecida em barris de bálsamo, pois identifiquei nela um equilíbrio maior do que na versão oriunda de barris de carvalho.
Preferências à parte, o "Cachaça com Chorinho" apresentado por Mauro Zamperetti - engenheiro agrônomo com larga experiência e conhecimento no assunto - trabalha para derrubar o preconceito que ainda existe com relação à cachaça, considerada uma bebida menor e de baixa qualidade. Nem toda a cachaça é de boa qualidade, assim como whisky ou a vodka. O que Zamperetti mostra é que se faz cachaça de muito boa qualidade no RS, digna de figurar entre as melhores bebidas destiladas do mundo. Ontem a noite mesmo me ocorreu a idéia de aproveitar a cachaça em pratos de alta gastronomia, quem sabe até substituindo o conhaque ou a vodka, em uma adaptação bem brasileira para alguns pratos consagrados. Em breve voltarei a falar neste assunto.
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